Gosto de desporto, gosto de futebol,
gosto de quem se destaca pela positiva no mundo do futebol.
Curiosamente, não gosto de escrever sobre futebol, prefiro falar. A
velocidade dos dedos não consegue acompanhar a velocidade do
pensamento e perco o raciocínio, busco pelas palavras mais acertadas
mas elas tendem em fugir e por vezes esbarram em pormenores
ortográficos. Quando falo isso não acontece e as ideias fluem
naturalmente com a rapidez de um cão de corrida atrás de um coelho
robótico. Contudo, para vocês, prezados leitores, vou abrir uma
excepção e falar de futebol, quer dizer, vou falar de pessoas cujas
vidas são escritas ao pontapé e que rolam nos verdes campos uma ou
duas vezes por semana.
O mundo é feito de coincidências, de
curiosidades, toda a gente tende a associar algo a alguma coisa ou
alguma coisa a algo. É impossível pensar na noite sem pensar na lua
ou nas estrelas, ou pensar no verão sem pensar na praia, ou pensar
no Marlon Brando sem pensar no The Godfather, ou pensar nos
políticos portugueses sem vir ao pensamento uma mão cheia de
palavras feias. Como tal, na minha cabeça vejo dois indivíduos do
futebol com uma história que se cruza em campos separados mas em
percursos estupidamente parecidos. O que têm, afinal, em comum
Roberto Di Matteo e Ricardo Sá Pinto? O primeiro tem 41 anos é
italiano treina o Chelsea e o segundo tem 39 é português e treina o
Sporting. Deixando de parte o facto de o nome próprio de ambos
começar por “R”, o que seria a pior comparação de sempre, e o
facto de ambos terem sido internacionais pelos seus países, vamos
recuar até Fevereiro. Período conturbado tanto em Lisboa como em
Londres, terminada a fase de grupos das competições europeias,
Chelsea na Liga dos Campeões e Sporting na Liga Europa, com o
apuramento para a fase a eliminar mas péssimos resultados nas
competições nacionais e mal estar no seio do grupo. Sá Pinto foi o
primeiro a assumir o comando técnico. Vindo dos juniores, sem grande
experiência como treinador mas com grande historial no emblema
leonino, trouxe um discurso cuidado (fruto da sua licenciatura em
Comunicação, não me recordo a vertente), e sem grandes promessas.
Di Matteo chegou quase três semanas depois, subiu de adjunto a
treinador principal, também sem experiência enquanto treinador mas
muito respeito pelos blues,
onde jogou seis épocas, com um discurso calmo e sem grandes
promessas.
Caladinhos
e sem entrar em aventuras, estes homens experientes e muito
respeitados pelos jogadores e adeptos estão perto de fazer história.
O Chelsea está na final da Liga dos Campeões e o Sporting está a
menos de 90 minutos da final da Liga Europa (como português espero
que mostrem aos espanhóis quem manda!). Nenhuma das equipas está a
jogar um futebol espectáculo de encher o olho, continuam longe dos
lugares desejados nos respectivos campeonatos. Porém, existem
melhorias notórias que deixam qualquer adepto satisfeito: garra e
atitude, principalmente. Vieram substituir treinadores que muito
prometeram e pouco fizeram e, com os mesmos jogadores, devolveram aos
adeptos o prazer de vencer. Se muitos nomes vão ficar na história
da época 2011/2012, estes dois não merecem ser esquecidos.
MF